por: Tânia Carol, mamífera convidada
Eu sempre quis ser mãe, sempre! Nunca quis casar (assim como umas meninas coincidentemente expressaram por aqui), mas filhos sempre estiveram no meu futuro. Fui muito feliz em encontrar meu marido pelo caminho e resolvi que a vida muda e nossas decisões também. Casei e sou feliz!
As filhas vieram, duas meninas encantadoras e cheias de vida. Minha mais velha é a filha que eu sempre sonhei. Não existe uma explicação lógica, ela simplesmente é tudo que eu sempre sonhei, com suas perfeições e imperfeições. E não digo fisicamente, não, é algo muito além disso! Já quando abraço minha pequenina, parece que tenho 12 anos e estou abraçando um de meus priminhos mais novos! Uma sensação maravilhosa, louca e muito especial que parece me enviar através de um túnel do tempo.
Bem, acredito que quando temos filhos nos tornamos eternos. Não apenas porque deixamos nossa genética aqui pela terra quando vamos embora, mas porque deixamos nossa história de vida.
Eu amava minhas duas avós com muito carinho, cada uma por motivos diferentes, mas igualmente em intensidade. Da vó Maria, conto historinhas inventadas com muita imaginação como ela fazia para mim e meus primos. Todos sentados no chão com os olhinhos vidrados e toda atenção na vó que, com toda sua simplicidade, vai nos levando por um mundo nunca antes imaginado. Da vó Carmen, temos os pés! Hehe! É isso mesmo, olho os pés de Raquel e Letícia e parece que estou vendo os pés da minha avó em miniatura, impressionante e muito legal!
Meu pai morreu há seis anos. Ele passou seus últimos dois anos e meio de vida preso a uma cama por causa de um AVC (acidente vascular cerebral) que o deixou totalmente paralisado. Só conseguia mexer a cabeça em sinal de sim ou não, e assim era nossa comunicação. Ele ficou lúcido até seu último segundo de vida e isso foi bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque podíamos conversar com ele, mantê-lo informado de tudo, colocar suas músicas favoritas, etc. Ruim porque ele ficou prisioneiro de seu próprio corpo sem poder expressar suas vontades e seus incômodos. Imagina sentir uma coceirinha na perna e não poder coçar nem pedir para alguém coçar para você? Imagina estar incômodo na cama e não poder se mexer nem um milímetro para se ajeitar melhor? Seu estado de saúde nunca deu esperança de melhora, infelizmente... E eu me imaginava grávida sentada ao seu lado na cama e colocando sua mão na minha barriga para fazê-lo sentir o bebê mexer. E depois colocar aquele bebezinho cheio de vida ao seu lado para conhecer e curtir o vovô. Ele se foi antes disso, na hora que tinha que ir.
Bem, do meu pai, ficaram os olhos! Eu às vezes me olho no espelho e vejo o olhar dele. Mas, melhor do que isso é olhar para a Raquel e vê-la com olhos de vovô Zezo! E ainda tem isso, não é o tempo todo. É verdade que nos parecemos, mas os olhos de vovô Zezo só aparecem de vez em quando e é muito legal, ela fica super feliz! Aqueles olhos castanhos, quase vesguinhos, cílios longos e olhar brilhante que decidiram ficar mais um pouco por aqui.
Imagem: http://blogdoayala.blogspot.com
2 comentários:
Maninha chorei...lembrando do nosso pai, das nossas avós...
O José puxou a paixão louca por feijão do vovô Zezo, parece ele comendo....
Lindo texto, linda foto, aliás a fotógrafa é ótima...hehehe...euzinha.
Faltou contar aí que você foi a doula no nascimento do meu filho, seu sobrinho, José. E que doula boa viu, recomendo para qualquer (futura) mamãe.
Beijos da irmã que te ama e ama muito essas sobrinhas maravilhosas,
Lucíola
Affy Maria, to chorando horrores aqui. MEu pai tbm se foi, uma história um pouco parecida, e me acabo quando penso que ele nunca me verá buxudinha e que meus filhos não poderão ver o homem maravilhoso que ele foi, mas com toda certeza histórias contarei aos montes, pq ele simplesmente foi excepcional, e sim, por coincidencia ainda maior, ele foi meu pai de coração, o maior amor da minha vida, mas... deixemos isso de lado pq se não me acabo aqui mesmo.
Quanto as semelhanças fisicas entre os adotados e adotandos é uma magica que ronda esse tipo de relação, tenho uma prima adotada que é simplesmente a cara da mãe, identica mesmo, é de assustar, se vc ver uma foto da minha tida com a idade da minha prima vc se espanta.
O afeto com toda certeza é o elo de ligação mais forte que há.
Beijão e parabéns pelo post magnifico.
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